quinta-feira, 21 de maio de 2009

O que desejo e a inconsciência de meus passos! E quero agora! dê-me!

Quero agora e desesperadamente não saber para onde vou.
e sem itinerário
sem norte algum: chegar a um destino.

Destino qual?

Minha ânsia? Uma náusea que Sartre nenhum pode curar.

Preciso. Urgente... deixar vagar o corpo entre os calçadões,
encontrões e esbarrões em postes.
tatuar marcas disformes a cada chaga.

Correr
Deixar o corpo cair de joelhos
despencar e ao chão ficar ... olhando as estrelas.
silenciar o pensamento.


Recolher as vontades e regressar à casa
e ao chegar à porta: fugir ...


por que não quero prisão: desejo o ar!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Na via da vida...não via!

No "coletivo" a moça estava a falar e era um hábito exasperado a busca pela comunicação: verbal, gestual... transcendental. Aos olhos de quem observava, era o outdoor do pós-modernismo: fala e gesticula e transcende o gesto, diz todas as coisas.

Um ruído na comunicação.

A ansiedade em falar parece uma defesa de si... A amiga, boa ouvinte, não se incomodava e permitia-se à função de ouvir as tantas coisas: adição de palavras, subtração dos respiros, gestos exasperados de como quem participa de um circo onde leão, trapezista e mágico disputam na vitrine a vida.

Riam-se muitas vezes, outras porém, instalava-se um silencio aterrador. Pausa para o exasperado e alivio aos tímpanos já cansados de tantos decibéis não equalizados.

Acerca das amigas, passava o mundo: ruas, avenidas, cidade, casas, altos edifícios. Palmeiras, guias, ciclovias, praças, pessoas... mais um pouco de pessoas e casas e lojas e ... mundo. Difícil manter um raciocínio tão veloz com tantas informações absolutamente diversas. Mesmo assim, por sua necessidade extrema de falar, tais distrações passavam por seus olhos como um estímulo frenético e não como um deslumbramento ao caos.

Somando- se ao "coletivo" todas as suas ações eram singulares e se traduziam em palavras. Todas: Falar e falar e falar, como se a cada palavra se recebesse o ar.

Vital.

Somando-se as palavras: os gestos. Inúmeros. Repetitivos. Pareciam súplicas de socorro, numa tentativa de salvar-se de todos os riscos ...

mas não havia salvação ... era o fato!


(continua)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Esquizofrenia


Esquizofrenia:
Afecção mental em que há relaxamento das formas usuais de asssociação das ideias, perda do contato vital com o real.

O que é real?

Real: Relativo a rei e realeza; Antiga unidade do sistema monetário de Portugal e Brasil; Unidade monetária brasileira, dividida em 100 centavos vigente desde 01/07/1994; Algo que existe de fato; Algo verdadeiro.


Ah, tá!


Alguem me empresta 100 centavos de real?
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Precisando relaxar das idéias? Pega a água de coco e senta, filho.

SENTA!

Senta na tua sorte e contempla o passar das horas, os respiros e os sussuros do dia.
De todos os dias.
Que desde de outro dia, é só este dia.

Senta e abandona o corpo: pé fincados no solo, a coluna não ajustada no escosto
Por tudo ser encosto... escora...
A cabeça: sob a Torre de Babel. Blocos desconjuntados! Argamassa exposta! Pintura arcaica.

Senta e assiste ao espetáculo, descobre nele as marcas, os desenhos e quem sabe qualquer outra idenficação mais tocante do que a vida.

Mas não viva: Sobreviva e senta!

Senta, acomoda e espera.

Exasperar? Desesperar? Pra quê? Senta de novo!

Fazer do cômodo uma víscera? Isso não é mais com você! Uma libertação: sentar! Tornar o incômodo uma matématica exata.Um movimento ósseo, muscular, obsessivo e compulsivo... e claro, adestrador!

Senta e descansa.

Relaxa. Isso! RE-LA-XA!!!

Esteja sob a Torre. Se tudo desmoronar:_ Corra!
Deixa tudo cair...

E senta logo adiante. No chão mesmo! Senta e assiste... Que formidável não fazer... não ter parte!
Ser a Inconsciência.

Relaxa e esquizofreniza. Desarticula o real e torna tudo uma torre de idéias desconjuntadas. Moldes de cadeira.

Faz um favor?!

Senta! Acomoda e incomoda! Faz da matemática exata algo real.

Quem sabe assim é mais facil entender o que é a vida!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Palavras!

Tudo...

Exatamente tudo aconteceu por que não soube nunca o que dizer.

Tarefa difícil a de coordenar as palavras.

Soma de sujeitos e objetos, ligados por um verbo ser qualquer. Ser que nunca é. E nem foi...uma ligação.

Subtração de advérbios.
Tempo perdido.
Lâmina reluzente.
Desejo sob golpes.
Todas as palavras num descompassado.

Um uivo e a desistência do não ser mais. Do passar a ser novo.

Condenação.

Palavras!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Ambição...

Querer... Quero e ponto.

“Quero ir bem alto... bem alto
com a sensação saborosa de superioridade
é que do outro lado do muro
tem uma coisa que eu quero espiar...” Patrícia Galvão

Eh! Pagu, Eh! Musa do Movimento Teatral Santista. Modernista, Guerreira...Inspiradora.

Musa que desde domingo embala as emoções (minhas).
Musa que me emprestou palavras de uma poesia lida.
Palavras tão minhas que eu não sabia. Palavras tão suas que ouso apoderar-me delas.
Roupas e chapéu.
Fotos de exposição que por um instante foram como se fosse a minha própria vida.
Musa que encoraja.

Desejo hoje a mesma coragem, a mesma prisão e a mesma liberdade que fizeram de Pagu a sua maior obra.

“_Desabotoe minha gola". Últimas palavras que representam, no seu sopro, o último grito por liberdade. Grito meu... ainda preso na garganta.

Hoje, sua figura, eternizada em um troféu de honra ao mérito está em minha estante. Tenho duas inclusive: uma branca e outra em dourado.
Elas olham pra mim... velam o sono sempre inquieto. Acordo. Desejam-me “_Bom Dia”
...
e às vezes penso em perguntar _ O que tem de bom?_

Mas hoje tudo é mais do que ornamento esperando a poeira do tempo.

Aqui em casa, na estante: duas Pagus e tantas outras obras-troféus.
Encaro o que representam... me encaro!

Me alegro e me devolvo ao meu objetivo único: o desafio de ser o que eu não sou.
Alegria que descobri? Não me deixar ser o orgulho!

Orgulho de quê?

Mas Pagu não veio só em forma de glória. Pagu veio para me chamar à atenção:
_Menina, Acorda! A vida ta ai! Viva!
Ok! Pagu já entendi!

Preciso desabotoar minha gola. As mangas da camisa. O botão da calça... E deixar o corpo ser livre! E alma também!


Quero... e ponto(.)final

["ponto(.)final" de novo]

terça-feira, 12 de agosto de 2008

A Deusa de Ébano

Numa cidade agreste, onde a sua vida poderia ser mais "bem" dita pelos outros do que por você viviam pai, mãe e filha.
Família.
A menina: filha única ... negra ... ébano ... reencarnação de orixá ... Deusa!

Viviam de modo plural.
"S" próprio e só compreendido entre a massa.
Uma dádiva o "S".
"S" de todas as palavras plurais e plurianuais, quiçá pluridiárias: "S" de palavra:

Pobre"s"!
Esperançoso"s"?

Havia na casa uma singularidade: a aceitação. Sina agreste de quem vive com a certeza da falta.

Pai e mãe plurais na vida de Clarinha.
?
_Sim!
Clarinha. Menina anjo, virtude palpável de inocência e claridade. Crescia e conhecia o mundo ... a diferença ... O anjo negro reluzia diante de todos, altiva.

O brilho sempre desperta inveja.

Na rua as outras meninas ... todas ... eram alvas, claras e pálidas. Houvesse o sol que fosse, agreste qual fosse, rachando a pele de calor: não se coloriam.

Alvas eram de coração!

Clarinha não ... era cor multifacetada. Escarlate-verde-louro! E brincava com a barra da saia rodada. Caleidoscópio a girar. Divindade em procissão.

"_Negrinha!!!".

A intenção invertida da palavra lhe doía os ouvidos e não entendia por que ...
Dor ...
De como quem xinga, mas sabe que é tão igual ao insulto. A gente tem medo do que identifica nos outros.

A minoria será sempre singular e própria lhe é o direito da "ignorância".Da inocência.

Tempo passa ...

Na tina, água de alvejar.

A Deusa de Ébano sentiu escorrer pelos dedos a perda da inocente divindade. Brincavam as alvejadas na rua e Clarinha percebeu-se em diferença. No quintal o cheiro do cloro embebia, entorpecia...Chamava...

A barra da saia rodada mostrava manchas... argila ... negrejada.

Clarinha? Envolta em um negrume, de diferença.

Não pensou!

Entorpecida, abandonou-se na tina e brigava com as camisas alvas do pai.
Esfregava-se.
Oras o cloro escorria e era como quem batizava: o corpo.
O odor lhe corroeu ... entranhas... pouco a pouco a escarlate-verde-louro tornou-se somente negra. Na tina: sangue e lágrimas.

Anoiteceu em pleno dia. Eclipse em mim.
Grito silencioso da mãe ecoou: uma dor de quem sabe a brutalidade de se viver.
De repente, tudo que era alvo, tudo o que era dia, tornou-se negro.
Era a ira da Deusa que mergulhava tudo em suas lágrimas.

Essas lágrimas ainda banham todo o pensamento agreste de diferença.
Ela zela por nós!

Amém!
Oiá de mim!
Salve!




Um dia me chamaram de Deusa de Ébano ... e eu achava bonito. Hoje entendo. E ainda acho.
Por vezes trago lágrimas negras nos olhos.

Me abençôo.

domingo, 27 de julho de 2008

Nome Próprio - O filme

"Algumas vezes quebram-me as pernas, chutam-me a cara, pisam-me os dedos.
Eu sobrevivo.
Tenho sobrevivido sempre.
Sou marcada.
Sim.
Mas faço valer cada uma das minhas cicatrizes. "


Quem dera eu chegue neste entedimento sobre a vida.

Eu... que nunca... nem de leve... ousei tocar na vida.

Domingo

Madrugada ...

Não conseguia dormir e o lençol da cama, vítima sempre da minha inquietação de menina ansiosa, ficou revirado. Mesmo com o edredom eu sentia frio. Era o matelassê do colchão.
Meu beliche. Durmo embaixo e me sinto num quadrado. Vejo o estrado e conto as ripas. Elas não marcam peso algum. Minha irmã prefere o sofá da sala. Acho que não gosta de dormir nas alturas. Ela é pé no chão. A cama de cima deve conter suas ilusões de alto que ela prefere não confiar. Faz bem! Elas me invadem na cama de baixo e me deixam no ar.

Me sinto no quadrado. Quadrado mágico! Esquife.
Que me transporta para noites de descanso. E desassossego.
Uma câmara que mantêm duas temperaturas: descanso e desassossego ."E eu no meio disso tudo, sem saber” (é o que canta o Paulinho Moska no mp3).

O fato é que eu só queria dormir. E não conseguia... Noites sem norte!
São incontáveis, imutáveis e suplicáveis.
Perco as contas: dos carneiros, das músicas do mp3, das ripas do estrado de cima, do lagrimejar dos olhos e da contenção do mesmo, da perda do ar, de quantas vezes roço os pés um no outro: meu transtorno obsessivo-compulsivo _ graças a Deus ou ao Diabo _ inventaram esse nome que explica tudo o que não te explicação.

Em várias noites me TOC. Compulsivamente!

Acontece sempre ...

Não consigo dormir.
Me pesa ficar acordada. Quero dormir infinitamente!
Deitar o corpo e deixar ficar. Estático!

Só acontece o peso. O silêncio.

Quero, mas tenho náusea no sono. Acordo!
Acontece, e tenho cansaço do peso. Não durmo!


Meu TOC.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Estou de Férias... e silencio tudo na vida!

O telefone toca enquanto me arrumo afim de pôr o meu cartaz na rua (esse termo será muito usado aqui, embora não queria ser redundante)

Após 3 tentativas eu acabo vendo o silencioso celular piscando ... olho o número e não conheço!

Não gosto de atender números que não conheço e sei de um monte de gente que não gosta!

Motivo:
agências de cobrança, amigos-mala, vontade de não falar!

mas era de Santos ... Humm

_ Oi, Ju . Até que enfim! (me diz o amigo Ricardo) ... Tenho um convite pra te fazer?

_ Qual?

_ Quer trabalhar na equipe técnica do Festa 50 anos?

Festa = Festival de Teatro de Santos.

... num momento onde a minha dignidade foi pregada no poste de uma indignação... fico feliz!

A frase que sempre me martela: o trabalho dignifica!
Como uma espécie de prêmio de consolação. Não! A certeza de que amanhece sempre!

pra valorizar o passe:

_ Só preciso ver como me acertar no trabalho aqui! _ essa resposta embora não pareça é sim !

E daí eu entendi...
O Teatro ... maior amor na minha vida ... a minha verdadeira vida ... nunca me abandona!

Sou digna de novo! Como no AA: Só por hoje!



Ah! Tbém odeio atender o celular pelas manhãs ... não importa qual o número do identificador!

Preciso mudar esse hábito!

Cartaz

Cartaz: s.m. Papel que se afixa nas paredes ou lugares públicos, anunciando espetáculos, produtos comerciais, ou contendo qualquer informação de que se quer que o público tome conhecimento. // Bras. Ter cartaz: ter fama, prestígio. // Fazer cartaz: ter sucesso. // Fazer o cartaz de alguém: elogiá-lo e dar-lhe meios de conseguir renome. // Rasgar o cartaz de alguém: falar mal, destruindo-lhe o prestígio.

na: em (preposição) + a (artigo definido feminino) : Expressa interioridade

Rua: s.f. Via pública urbana, ladeada de casas, prédios, muros ou jardins. // As casas que margeiam essa via. // Em jardins e hortas, espaço livre entre canteiros, por onde se circula. // Estar ou ficar na rua da amargura, estar (ou ficar) mal de vida, passar por um período difícil//Exprime despedida violenta e grosseira: fora daqui!, saia!, suma-se! Pôr na rua: dar liberdade, soltar; despedir//Sair à rua: a) vir à rua atraído por algum acontecimento extraordinário que nela se passa; b) aparecer aos olhos de todos.

Cartazista
s.m. e f. Artista especializado na concepção e confecção de cartazes.

Sem significação a vida sempre segue!

"Ainda que todas a janelas se fechem é certo, meu filho: Amanhece!" Hilda Hislt te ouso cantar.

Cantar
Como a rotina consumista de se colocar na rua sempre o cartaz do que não se é ...
do que se quer acreditar...

Marketing! ... Merchan ... Venda! de mim: por favor cerra os meus olhos e cala.

Anuncio o silêncio:

"Silêncio é a ausência de defesa! Não o quero!
Não ataco também!
Não existo e silencio... e tenho medo.
Por isso te escrevo.
Com o medo estranho de repetir o mesmo não olhar da despedida .
A mão no rosto.
O_ Por favor, uma corrida até ...
Uma saída que não canta os pneus, a não ser na minha carne e que marca.
Despedida de mim.
Do eu mentira.
Eu inocente e culpada .
Eu te querendo vida e morrendo por isso.
Eu ausência de signo.
Eu medo"


Juliana...eu te mato... e te renovo ... e não ouso te cantar... eu te grito!
Coloco o teu cartaz na rua.
Espaço e anúncio das palavras malditas... mal ditas... e foda-se todo o resto.

Venda nos teus (meus) olhos.




Não será um espaço de poesia, pois não sei escrever!
Será um espaço do que pulsa em meu coração, do que nunca precisou obedecer estilos de linguagem ... mas um dia os vai aprender.

Intensa! Sou intensa e ponto(.) final.