terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Na via da vida...não via!

No "coletivo" a moça estava a falar e era um hábito exasperado a busca pela comunicação: verbal, gestual... transcendental. Aos olhos de quem observava, era o outdoor do pós-modernismo: fala e gesticula e transcende o gesto, diz todas as coisas.

Um ruído na comunicação.

A ansiedade em falar parece uma defesa de si... A amiga, boa ouvinte, não se incomodava e permitia-se à função de ouvir as tantas coisas: adição de palavras, subtração dos respiros, gestos exasperados de como quem participa de um circo onde leão, trapezista e mágico disputam na vitrine a vida.

Riam-se muitas vezes, outras porém, instalava-se um silencio aterrador. Pausa para o exasperado e alivio aos tímpanos já cansados de tantos decibéis não equalizados.

Acerca das amigas, passava o mundo: ruas, avenidas, cidade, casas, altos edifícios. Palmeiras, guias, ciclovias, praças, pessoas... mais um pouco de pessoas e casas e lojas e ... mundo. Difícil manter um raciocínio tão veloz com tantas informações absolutamente diversas. Mesmo assim, por sua necessidade extrema de falar, tais distrações passavam por seus olhos como um estímulo frenético e não como um deslumbramento ao caos.

Somando- se ao "coletivo" todas as suas ações eram singulares e se traduziam em palavras. Todas: Falar e falar e falar, como se a cada palavra se recebesse o ar.

Vital.

Somando-se as palavras: os gestos. Inúmeros. Repetitivos. Pareciam súplicas de socorro, numa tentativa de salvar-se de todos os riscos ...

mas não havia salvação ... era o fato!


(continua)

Nenhum comentário: